Projecto 0,0º
Estudámos juntos na Faculdade de Belas Artes de Lisboa: Eu, João, trabalhava principalmente em pintura e eu, Pedro, em escultura. Apesar de cada um ter desenvolvido o seu caminho artístico independentemente, mantivemos sempre o contacto. Em 2012 iniciámos o Projecto 0,0º. Ambos estávamos a desenvolver investigações sobre construção de sistemas de fotografia analógicos, por isso a colaboração fez todo o sentido.
Nos 0,0º desenvolvemos uma investigação com contornos científicos e forenses, centrada na construção de objetos que, em relação com o sujeito, propõe uma experimentação do real. O resultado final relaciona uma estética poética com uma apresentação científica e laboratorial. Colocamo-nos na perspectiva de dare devils e exploradores.
Em 2012 realizámos a primeira residência artística em Londres, expondo o trabalho desenvolvido nos Open Studios do Bermondsey Project de Bow Arts. Em 2014 integramos o grupo de 20 finalistas do concurso DST nos encontros da imagem, em Braga. Em 2015 fizemos a exposição Exploring the World no Carpe Diem Arte e Pesquisa, resultante de uma residência artística realizada nos meses anteriores. Em 2016 participámos na Paratissima 2016, em Lisboa, com uma instalação fotográfica e vamos realizar um novo projecto interactivo que será exposto na Biblioteca Camões, em Lisboa, integrado no Bairro das Artes.
1. Projecto 0,0º
Exploradores intuitivos e companheiros de cela.
2. O que vêm quando olham para a sua obra?
Uma mistura poética de engenharia, exploração, arquitectura e ciência, resumida em momentos ficcionais.
3. Que elementos não podem faltar numa exposição sua?
Alta e baixa tecnologia, madeira e fotografia.
4. O seu processo artístico em poucas palavras.
Realizamos ensaios de curta duração que são como pequenas residências artísticas em que nos propomos sempre um desafio e um objectivo concreto. Normalmente projectamos uma acção, construímos um objecto e no final encenamos um momento que é registado através da fotografia.
5. Artistas vivos ou obras que são uma referência para vocês.
Infelizmente os principais artistas que mais influênciam a nossa investigação já não estão vivos. Seriam o Buster Keaton, o Edward Muybrigde e o Raimond Roussel. Em termos de artistas vivos o Francis Alys é sempre uma referencia para nós.
6. Tendências que vocês tem percebido ou acompanhado nas artes contemporâneas nos últimos 15 anos.
Talvez tem havido um uso de materiais industriais e materiais encontrados, que certamente é um reflexo das caracteristicas economicas e politicas do nosso tempo.
7. O que é que vocês colocariam no seu cabinet de curiosités?
Duas maquinas fotográficas: uma Rolleicord e uma MPP de grande formato.
8. A experiencia como artistas residentes no CDAP.
Foi um privilégio e um grande desafio trabalhar na sala vermelha do CDAP. A exposição que apresentamos Exploring the world foi feita de acordo e à medida desta sala e influenciado pelo contexto da mesma e do palácio. O facto de estarmos a trabalhar numa sala histórica fez-nos trabalhar com mais ambição e dentro de um ambiente que está directamente ligado com o nosso imaginário.