Francisco Pinheiro

Desde sempre desenhei, mas sem saber para que é que isso poderia me servir. Ingressei nas Belas Artes pensando fazer o curso de Design de Comunicação até o João Jacinto me ter convencido que o meu caminho seria pela pintura ou pela escultura. Escolhi o primeiro. No último ano da minha licenciatura, em 2005, inventei a "desculpa" Erasmus para sair de casa dos meus pais. Passado dois anos, a desculpa foi o "Leonardo da Vinci" para conhecer Berlim. Aqui trabalhei no teatro Volksbühune, assistindo diferentes artistas como o Thiago Bortolozzo, Meg Stuart, Bert Neumann ou o Jonathan Meese. Em 2008 voltei para Portugal e nesta altura decidi criar um percurso paralelo entre artista e educador, desenvolvendo atividades para diferentes museus. Fui também expondo em diferentes espaços como a Módulo, Avenida 211, Biblioteca Camões ou o Espaço Campanhã. Em 2011 tive a sorte de ganhar a Bolsa Fullbright / Fundação Carmona e Costa que me deu a oportunidade de viver dois anos em São Francisco. Este foi sem dúvida um momento de charneira no meu percurso, pois deu-me a oportunidade de investigar, experimentar e expandir questões que já existiam no meu trabalho, ainda que de uma forma tímida. Em São Francisco, expus na galeria Diego Rivera, The Lab, 1038 Project Space, entre outros espaços. Tive também o privilégio de conhecer artistas como o Will Rogan, John Roloff, Paul Kos, Laetitia Sonami, Pablo Helguera, Rigo 23 ou o Felipe Dulzaides. Em 2014 voltei a Lisboa e criei o colectivo West Coast com a artista Luísa Salvador. Fui artista residente no Carpe Diem Arte e Pesquisa.

 

 

1. Francisco Pinheiro.

Artista Visual

2. O que vês quando olhas para a tua obra?

Olho para o que não se está a ver. E depois penso como poderá ser (re)apresentado, tendo em conta questões como a duração, o movimento, o desenho, o espaço, bem como o acontecimento e a participação de quem olha.

3. Que elementos não podem faltar numa exposição tua?

Arrojo, intensidade, experimentação e clareza.

4. Artistas vivos ou obras que são uma referência para ti.

Francesca Du Brock, Chris Bell, John Roloff, Paul Kos, Will Rogan, Rigo 23, Felipe Dulzaides, Alfredo Jaar, Katinka Bock. Francisco Tropa, Thierry Simões, Manuel Zimbro, Pedro Morais, Paulo Morais, Lourdes Castro, Diogo Pimentão, Ricardo Jacinto, Dalila Gonçalves, Armanda Duarte.

5. O teu processo artístico em poucas palavras.

Procurar não saber o que vou fazer sempre que me convidam para expor.

6. Tendências que tens percebido ou acompanhado nas artes contemporâneas nos últimos 15 anos.

O desenho em Portugal ocupa um espaço muito especial e há um crescente número de artistas portugueses cujo trabalho parte do pensamento do desenho. O desenho que pode ser entendido como escultura, som, projeção ou em formato de publicação.

7. O que é que tu colocarias no teu cabinet de curiosités?

Colocaria uma pedra da calçada da Armanda Duarte, a linha de fósforos usados do Diogo Pimentão, as canetas gastas/montanha da Dalila Gonçalves, o vídeo do limão a cair por uma colina de São Francisco do Felipe Dulzaides, o vídeo do Paul Kos onde ele tenta fazer fogo utilizando uma placa de gelo como lupa (e consegue), as séries de instruções/poemas da Yoko Ono e o memorial Cretto di Gibellina de Alberto Burri.

8. A experiencia como artista residente no CDAP.

Uma aventura.